Cop30: O Clima tem Cor, Gênero e Cep
21 de nov. de 2025
É notório que esta COP, realizada no bioma amazônico, trouxe muito mais representatividade e voz de fala para estas mulheres do que nas COPs anteriores, mas isso não pode apenas acontecer em um evento global, é necessário que isso seja mantido e estruturado na base. Tudo isso reflete nos avanços das formulações de políticas climáticas, que está enfraquecido. Aparentemente não teremos mudanças significativas tão cedo e que de fato melhorem a vida dessas mulheres, que são mães, trabalhadoras, chefes de família, tais estas que sustentam este país.

Por Helena Lúcia Dantas
Sabemos que é muito importante ressaltar quantas vezes forem necessárias que não existe justiça climática sem justiça racial e de gênero quando iniciamos um debate ou uma conversa sobre o racismo ambiental (que é apenas uma das interseccionalidade que nos atravessam no dia a dia enquanto falamos de mudanças climáticas). Logo, precisamos pensar no público que é mais impactado e não supreendentemente são as mulheres, e sobretudo mulheres negras.
As mulheres negras em sua maioria, tanto as que vivem em áreas urbanas periféricas e as que vivem em áreas rurais ou quilombolas ainda sofrem pela ausência de direitos básicos, no que se diz respeito principalmente ao saneamento básico dessas regiões. Ausências que envolvem a falta de acesso à água potável, falta de acesso a rede de esgoto, serviço de coleta seletiva e muitas outras. No Brasil, 10,5 milhões de mulheres negras vivem sem acesso à rede de distribuição de água potável, de acordo com Dados do IBGE. Duas em cada três mulheres sem acesso à rede geral de distribuição de água são negras. Trago esses dados para evidenciaram para quem acha que discutir clima, sustentabilidade, racismo ambiental, áreas sem arborização e outras interseccionalidades, são temas distantes e que não se aplicam para a realidade brasileira, dos problemas que estas mulheres vivem na ponta.
Este ano tive o privilégio de acompanhar um pouco mais de perto sobre a Conferência das Partes sobre Mudança do Clima, ela é a maior reunião sobre o tema do mundo e ocorre anualmente compondo a presença de líderes mundiais de diversos países, esse ano foi realizado numa cidade a qual tenho muito carinho e apreço, e também que me apaixonei que é Belém do Pará.
Em uma das palestras que estive presente, pude escutar uma frase que me impactou bastante: “ Onde tem Floresta, Tem mulher” ela é da Maria Cecília de Jesus Cruz, que reside no quilombo monte alegre do município de São Gonzaga do Maranhão.
Além de serem uma das mais impactadas pelas mudanças climáticas e a falta de acesso à itens insubstituíveis como a água potável, são estas também que são protagonistas na defesa das florestas para que permaneçam de pé, juntamente claro, com as mulheres indígenas.
Apesar das Cops serem este espaço para discutir justamente sobre estes problemas, a representatividade e presença destas mulheres para falar sobre suas histórias, vivências e tudo os que acontecem em seu cotidiano e em seus territórios, ainda é bem baixo.
É notório que esta COP, realizada no bioma amazônico, trouxe muito mais representatividade e voz de fala para estas mulheres do que nas COPs anteriores, mas isso não pode apenas acontecer em um evento global, é necessário que isso seja mantido e estruturado na base. Tudo isso reflete nos avanços das formulações de políticas climáticas, que está enfraquecido. Aparentemente não teremos mudanças significativas tão cedo e que de fato melhorem a vida dessas mulheres, que são mães, trabalhadoras, chefes de família, tais estas que sustentam este país.
Para encerrar, o que espero e o que nós exigimos coletivamente, é que a justiça climática se concretize em políticas que deem dignidade, voz e poder às mulheres negras que sustentam territórios inteiros com seu trabalho, sua resistência e sua ancestralidade.
Porque cuidar do clima é cuidar dessas mulheres. E cuidar dessas mulheres é garantir que este país siga uma jornada sustentável e justa de fato.
Crédito da Imagem: Ascom Malungu