Palmares Lab participa de lançamento de Manifesto LGBTQIAPN+ pela Justiça Climática na COP30

14 de nov. de 2025

No Pavilhão das Juventudes e das Infâncias, localizado na Blue Zone da COP30 — área oficial da conferência sob coordenação da ONU, onde acontecem as negociações entre países, eventos de alto nível e atividades de organizações credenciadas — foi lançado o Manifesto “Corpos, Vozes e Clima: LGBTQIAPN+ pela Justiça Climática”, promovido pelo Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC).

No Pavilhão das Juventudes e das Infâncias, localizado na Blue Zone da COP30 — área oficial da conferência sob coordenação da ONU, onde acontecem as negociações entre países, eventos de alto nível e atividades de organizações credenciadas — foi lançado o Manifesto “Corpos, Vozes e Clima: LGBTQIAPN+ pela Justiça Climática”, promovido pelo Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC).

A atividade reuniu vozes fundamentais da agenda climática interseccional, com a presença de Alex Rodrigo (Palmares Laboratório Ação), Anne Heloise (CBJC), Jarē Aikyry (Engajamundo) e da psicóloga Hellen Freitas, membra do LGBTQI+ Climate Action, vinculado à UNFCCC.

O documento reivindica o reconhecimento e a inclusão da comunidade LGBTQIAPN+ nas políticas e nos debates sobre a crise climática, apontando que as respostas aos impactos ambientais ainda são marcadas por silenciamentos e falta de representatividade. A iniciativa simboliza um marco na história das Conferências do Clima ao afirmar que não há justiça climática sem justiça social, de gênero e diversidade.

Ausências históricas e urgências atuais

Durante o painel, os participantes destacaram que, nas últimas edições da COP, praticamente não houve espaço para discutir a relação entre a comunidade LGBTQIAPN+ e as mudanças climáticas. Essa ausência reflete a marginalização histórica desses corpos e vozes nos processos decisórios globais.

Jarē Aikyry, do Engajamundo, ressaltou que a atual agenda de gênero da COP não contempla as especificidades e vulnerabilidades da população LGBTQIAPN+.

“A comunidade LGBT sofre mais em desastres ambientais, e isso precisa ser reconhecido nas políticas de adaptação e mitigação”, afirmou.

Ela também lembrou que a juventude LGBTQIAPN+ no Brasil tem diversas camadas identitárias — sendo majoritariamente negra, periférica e pertencente a povos e comunidades tradicionais — o que agrava as desigualdades diante da emergência climática.

Alex Rodrigo, do Palmares Laboratório Ação, reforçou que as agendas de gênero têm limitações para compreender as demandas LGBTQIAPN+. Ele destacou a invisibilidade dos corpos periféricos e LGBTQIAPN+ da Amazônia, alertando para a urgência de políticas que considerem realidades regionais e interseccionais:

“Falar de Amazônia é também falar das existências LGBTQIAPN+ que resistem em territórios de exclusão e violência, mas que seguem construindo alternativas de cuidado e justiça.”

A psicóloga e pesquisadora Hellen Freitas celebrou a realização do painel como um avanço histórico:

“Ter a oportunidade de falar da comunidade LGBT aqui no Brasil, em uma COP sediada em território amazônico, é muito simbólico, porque em outras conferências isso sequer era possível.”

Para ela, o reconhecimento político passa pelo ato de nomear:

“Se não somos nomeados, não existimos.”

Hellen reforçou ainda a necessidade de incluir a comunidade LGBTQIAPN+ na agenda de adaptação climática, apontando que raramente são consideradas suas interseções com raça, território, classe e gênero.

Marco de resistência na COP30

O lançamento do manifesto e o debate marcaram um momento de afirmação e resistência dentro da COP30, colocando a diversidade sexual e de gênero como parte central da luta por justiça climática. A presença de coletivos e organizações de diferentes regiões do país reforçou que a construção de um futuro sustentável deve ser plural, antirracista e inclusiva, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas nas decisões que moldam o planeta.

O Manifesto “Corpos, Vozes e Clima” está disponível para download gratuito. A proposta é que o documento circule amplamente — em comunidades, escolas, coletivos e territórios — como ferramenta de diálogo e mobilização pela justiça climática e pelos direitos LGBTQIAPN+.

Download gratuito: https://publicacoes.cbjc.com.br/manifesto-corpos-vozes-e-clima

Projeto “Corpos, Vozes e Clima” dá origem ao manifesto

O projeto “Corpos, Vozes e Clima: LGBTQIAPN+ pela Justiça Climática”, coordenado pelo Eixo de Educação Climática do Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), nasce desse compromisso. O CBJC é uma organização nacional da sociedade civil dedicada às temáticas da população negra na agenda climática do Brasil, com a missão de ampliar o debate público e influenciar políticas de justiça climática e equidade racial em nível local, regional e nacional.

Como desdobramento desse processo, o Manifesto “Corpos, Vozes e Clima” surge como um chamado coletivo para que os corpos LGBTQIAPN+ sejam reconhecidos como agentes políticos da transformação climática, trazendo suas experiências, saberes e práticas de resistência como parte das soluções para o enfrentamento da crise ambiental.